9 de outubro de 2012

Nem todos os guionistas portugueses são assim tão maus e desprovidos de humor



Só mesmo apelando à ingenuidade, quer dos que a têm as molhos, quer dos que dela nada possuem, é que é possível fazer alguém acreditar que um protocolo que tinha por missão preparar as comemorações do 5 de Outubro, não conseguiu evitar a repetição - em medíocre - de uma cena de um filme de Fellini, onde só faltou mesmo aparecer uma velha gorda a mostrar as mamas para o remake ser fiel. Com segurança reforçada, com barreiras montadas pela polícia a 500 mt., com polícias fardados e à paisana em todos os cantos, há uma senhora que entra dentro da sala onde o PR discursa e desata a proferir insultos e a bater com a mala em quem se aproximava. Enquanto outra senhora, uns metros ao lado, ia cantando canções supostamente revolucionárias, que eu só soube tratar-se de tal quando li no jornal o guião da cena, porque quando ouvi pela primeira vez, supus tratar-se da mesma técnica vocal da Liz Frazer nos primeiros discos dos Cocteau Twins, mas aqui em mau. A cantora lá foi cantando Lopes Graça para perturbar os discursos, recebendo até aplausos dos sentados nas cadeiras, convidados precisamente para bater palmas e quanto a isso nada a objectar: se um tipo é convidado para bater palmas, porque é que não havia de bater palmas? Imaginem que os reformados que são contratados para bater palmas nos problemas da Júlia ficavam quietos... eram despedidos por justa causa. Se eu fosse dado a metáforas fraquinhas, invocaria aqui a banda do Titanic que continuou a tocar enquanto o barco afundava. Mas o requinte do happening foi mais Fellini do que Cameron, ao menos valha-nos isso que o Cameron é um realizador merdoso, mesmo em tudo aquilo que fez antes do Titanic.

Estão à espera que as pessoas acreditem que todo aquele número não passou de um conjunto de acasos e falhas lamentáveis? Eu não acredito que aquilo se tenha passado sem a conivência de alguém de um dos andares lá de cima, provavelmente de alguém que estava a falar ou sentado a aplaudir. Mas mais detalhes sobre o enigma do autor do guião só depois de conhecer a teoria do omni-comentador Ricardo Costa sobre o omni-candidato António Costa, dois gajos da mesma cor do Sunnil Chetri, aquele avançado-centro que foi contratado para fazer sombra ao van Wolfswinkel e que está neste momento a fazer sombra ao Dominguez no banco do Sporting B porque são os dois da mesma altura. Um alerta àqueles que têm a mania que são perspicazes: não estou a insinuar que tenha sido António Costa a montar a cena, pela simples razão de que não acho que António Costa tivesse capacidade para tal: aquilo foi demasiado bem feito para quem não vai além da teoria parva de que um burro demora menos tempo a subir a Calçada de Carriche à hora de ponta do que um Ferrari.

Deixo aqui uma sugestão a todos aqueles jornalistas de política que têm a mania que sabem mais do que toda a gente só porque passam os dias nos corredores na Assembleia da República: deixem lá os pormenores da intriga Portas-Passos e revelem quem armou aquela cena. Sou capaz de dar os parabéns ao assumido autor do guião se ele prometer que não vai ficar por aqui.

5 comentários:

  1. Capitão Paddock:)

    Bom dia,

    O seu raciocinio é demasiado sofisticado para a época patética em que nos encontramos:).







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    1. Todas as épocas são patéticas, nós é que nem damos conta.

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    2. Uns mais que outros somos uns grande ingénuos e será isso que nos torna patéticos :)

      talvz não seja mau ser patético :)))

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