7 de dezembro de 2012

Isto é tão bom que até destoava numa lista dos melhores do ano, por isso vai à parte


Scott Walker - Epizootics! do álbum Bish Bosch

Talvez influenciado pelo clima de compaixão e solidariedade tão característico do espírito natalício, indico seis dos discos de que mais gostei em 2012

Django Django - Django Django

Alt-J - An Awesome Wave


Beach House - Bloom


Spiritualized - Sweet Heart Sweet Light


Orbital - Wonky


Tame Impala - Lonerism

4 de dezembro de 2012

Vão acabar com o Câmara Clara e eu quero peticionar


“Maldita a hora em que fui parar à secção de cultura!” dirá amiúde a Paula Moura Pinheiro, uma tipa que, entre muitas outras coisas, costuma discutir a questão dos novos escritores de países ex-colónias, assunto do qual não quero saber para nada, sem que ainda assim isso me não me impeça de dizer que o Mia Couto, escritor nativo de uma ex-colónia, escreve livros merdosos, que nunca li, mas cujo discurso do autor sobre os mesmos, me basta para perceber o grau de merdice, no contexto das merdices que esse autor de merdices escreve. Ser culta profissional, como a Paula Moura Pinheiro, deve ter transformado a sua vida num inferno de estreias, inaugurações, colóquios, lançamentos, debates e outro exercícios aeróbicos obrigatórios na vida de qualquer intelectual que se preze e que não lhe devem deixar muito tempo para se dedicar às tarefas que as pessoas que não são cultas profissionais têm que desempenhar com mestria, como ir chatear o sapateiro porque as meias solas já deviam estar prontas ou levar o carro à inspecção num dia de semana a meio da tarde. Tivesse ela ido parar à secção de desporto e estaria hoje a ter que entrevistar dirigentes sabujos, futebolistas com ar de bandidos e treinadores ignorantes, mas teria uma vida muito mais sossegada do que aquela que agora tem, pontuada por uma agenda ocupadíssima com assuntos muitíssimo interessantes e absolutamente imperdíveis. O desporto seria muito mais fácil. Vejam aquela parvinha, cujo nome desconheço, que apresenta programas de bola na TVI e passa o tempo todo, mas mesmo a todo, a rir, fazendo com que mudemos imediatamente de canal com um sentimento de comiseração pelos convidados do programa que, desgraçados, têm que ficar até ao fim a assistir a uma pateta para quem um cartão amarelo no fim do jogo, serve para se rir dois minutos seguidos, antes de perguntar ao Pedro Henriques – um gajo que devia ser obrigado a divulgar a morada do seu barbeiro – se o cartão foi bem mostrado. E depois de o Pedro Henriques dizer que o cartão “se aceita, dado o critério apertado do árbitro” volta a rir mais 7 minutos por causa da palavra apertado, prova evidente da sua falta de humor e de outras coisas.

Quero peticionar congratulando-me pelo facto de o Câmara Clara acabar. Desejo felicidades à carreira da Paula Moura Pinheiro, nos vários ramos e arbustos da área da cultura, mas quero dar o meu contributo de cidadania empenhada, assinando uma petição de regozijo pelo facto de terminar um dos programas de televisão por onde passaram algumas das mais cretinas, ignorantes e vaidosas criaturas dessa constelação fascinante que é o “mundo da cultura”. O facto de o tempo de duração do Câmara Clara poder vir a ser ocupado por esterco televisivo ainda pior do que o Câmara Clara – pior é sempre possível –, isso em nada muda a minha pobre opinião: aquilo era do mais enfadonho, pretensioso e irrelevante que se pode conceber. Àquela hora prefiro ver leoas a tomar conta das crias em programas do tipo BBC Vida Selvagem.