Luís Miguel Cintra, um culto, diz que a sua companhia de teatro pode
acabar porque o estado não lhe dá o apoio que ele acha que merece. Se é apenas chantagem ou não, pouco importa. Não sei se já há petições mas, se ainda não houver, devem vir a caminho: não percam a oportunidade de peticionar. Peticionem, peticionem que a peticionar é que a gente se entende. A malta da “cultura” goza de privilégios a que mais ninguém tem acesso, nomeadamente o de receberem apoios do estado sem terem que prestar contas efectivas disso. Não aceitam como critério de avaliação do seu trabalho o número de espectadores, muito menos serem avaliados por alguém além deles próprios. Nos últimos 40 anos a companhia deste culto recebeu milhões de euros a fundo perdido e, se posso fazer a pergunta, no que é que isso se traduziu de relevante para a cultura portuguesa? O teatro em Portugal está desenvolvido, prestigiado, valorizado, premiado, etc. devido às actividades da Cornucópia? Não consta. No meu caso, as duas ou três vezes que lá fui assistir a peças, por causa dos autores das mesmas, saí de lá com a sensação de que aquilo é do mais bafiento, datado e retrógrado que há. Fazem há uma data de anos o mesmo espectáculo, monótono e ensimesmado, onde mudam apenas algumas peças do cenário. Parece que ali o relógio parou. Vão mudando também alguns actores. Por falar em actores, dando gás a uma inigualável capacidade de ser hipócrita, Cintra afirmou há uns tempos que não trabalha com actores que façam telenovelas. Vejamos bem: um actor faz uma telenovela para ganhar dinheiro de modo a pagar as contas ao fim do mês, uma vez que não recebe subsídios do estado como o Cintra e, apenas por isso, vai para a lista negra do Cintra, ficando marcado mesmo que seja bom profissional. Cintra ainda não se apercebeu que o dinheiro das telenovelas é ate capaz de ser um bocadinho mais, digamos assim, esforçado que o que ele ganha: nas telenovelas o dinheiro vem de quem paga por isso, na Cornucópia vem do estado que alinha nisso. A Cintra não passa pela cabeça tentar outras fontes de financiamento: no seu programa artístico-politico, mais político do que artístico, deve ser o estado a subsidiar a cultura, ponto final, não se fala mais sobre o assunto. Pouco importa que se estejam a financiar espectáculos com médias de assistência irrisórias, sem qualquer relevância artística, estética, etc. Da última vez que lá estive, eram cinco pessoas na sala; no fim ninguém bateu palmas, pudera, uma xaropada daquelas era difícil de aplaudir. A trupe do Cintra também tem umas ideias prontas sobre as assistências na sala: as pessoas não vão porque não percebem a genialidade do que ali se apresenta. Como a legitimidade do seu trabalho é conferida pelos próprios, está tudo bem e não há que mudar nada no que fazem, à excepção de reclamar um aumento no subsídio anual.
Invocar a palavra cultura é um free-pass para a obtenção de subsídios e estatuto social. Não tenho nada contra, desde que não o façam à custa do orçamento. Bem podem apontar o dedo a quem questione todo este mecanismo: passará logo para o saco dos liberais, ignorantes e egoístas. Por mim, tudo bem. Leio o texto que me dá mais gozo.
Gostei das observações ao pezudo:)
ResponderEliminarSempre que lá vou divirto-me :)porque num ápice mais ou menos em três horas(mortas) em media vejo uma peça que levaria muito mais tempo a lê-la ou talvez nunca a lesse:)
a tua opinião é a comum :)aprendi a ir sózinha para não ter ninguém ao meu lado a dormir ou a bocejar ou pior :)))
quanto aos subsidios antes para peças de teatro que para frotas de carros de outros energúmenos :)
(adoro as empadas no bar)
uma dúvida. não foi a empresa do canastrão que aqui anos atrás "montou" uma "peça" em que os actores se enrabavam (ou parecido) em palco?
ResponderEliminarDesconheço. Mas não me admiro nada que seja verdade.
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