Os que acompanham a minha actividade de cronista desde os tempos em que eu usava bibe com o emblema do colégio de freiras onde iniciei a minha fulgurante carreira de filósofo especializado em assuntos que interessam às pessoas e aos economistas, estarão certamente lembrados que a minha posição sobre a União Europeia é vertical e se pode resumir a dois aspectos que eu passo a enunciar por tópicos:
a) é uma instituição que se limita a alimentar-se a si própria sem qualquer benefício útil (60 e tal cêntimos por dia, a cada europeu, é o que custa esta estrutura cujo objectivo é justificar a sua existência enquanto estrutura, sem qualquer interesse para lá da manutenção dessa mesma estrutura);
b) vai acabar por falta de utilidade, excesso de custos de manutenção e inoperacionalidade perante o mais simples dos problemas, restando apenas um acordo sobre trocas comerciais para que não digam que acabou tudo em pó, sem deixar rasto.
Mas até que isso aconteça, ainda há muito Durão Barroso, Olli Rehn ou van Rompuy para alimentar (o bolso) e, por isso, os meus amigos ainda vão ter que levar com mais uns anitos de cimeiras inúteis, acordos para não cumprir, promessas irrealizáveis e burocracia desnecessária e estapafúrdia. Todos estes esclarecimentos, um dia, irão ver a luz da noite num dos tomos das minhas memórias, onde demonstrarei a quem me quiser ler, que as instituições mais relevantes da Europa são o Interrail e o Programa Erasmus. O Interrail porque a ele se deveu o facto de pela primeira vez na vida ter dormido na rua. E o Erasmus porque me permitiu estrear-me em fornicadelas internacionais, embrulhando-me com uma irlandesa da qual, às vezes, ainda me lembro, depois de tantos anos passados.
[dada a importância do momento, espeto aqui um interlúdio epistemológico em tons cor-de-rosa]
Mulher do Arroja: Ó Pedro, olha as torradas que já está a cheirar a fumo!
Arroja: Não são torradas, sou eu que estou a pensar... concluí que a escrita do maradona é muito feminina.
Mas é sobre burocracia desnecessária e parva que eu hoje quero mostrar aqui os meus dotes de analista capaz de perceber os problemas internacionais como deve ser, embora sem paciência para ir à TV explicar as coisas às pessoas. Estava eu a ler online um jornal que nem sequer faz parte das minha leituras regulares e deparo-me com esta notícia.
Sendo informação vinda de Bruxelas, não cometi a displicência de achar que se tratava de uma brincadeira de carnaval ou uma mentira do dia 1 de Abril em Novembro. A EU já nos habituou a notícias destas que são mesmo para levar a sério, por serem mesmo verdade. Estou-me a lembrar que a uniformização das matrículas dos automóveis, por exemplo, começou por suscitar gozo e… uns anos mais tarde, aí estava ela. Tal como a proibição de favas no bolo-rei também pareceu uma peta de 1 de Abril e depois veio mesmo a ser verdade. A estratégia é sempre a mesma: lança-se o disparate, espera-se uns tempos até que as pessoas se habituem a ele, e depois, quando a malta já estiver entretida com outra coisa, publica-se a lei e toca a cumprir se quiserem continuar a receber o subsidio.
A EU é composta por uma quantidade de ursos inúteis, cuja função é usarem os pequeninos cérebros que possuem, para parir ideias que mais não servem que justificar o salário desses mesmos inúteis e chagar as outras pessoas. Kafka, para lá de ter sonhado que acordava insecto, também sonhou que seria cidadão da EU, essa da bandeirinha azul com estrelinhas amarelas.
Agora são os livros dos cinco e toda a literatura infantil que refira modelos de famílias felizes. Faz-me lembrar um daqueles idiotas LGBT que um dia vi a dizer que a ficção portuguesa devia ser obrigada a incluir todos os tipos de famílias e de comportamentos sexuais para que isso servisse o combate contra a descriminação. Nem liguei muito, achei que ele se estava a oferecer para guionista de telenovelas, mas parece que não: estava mesmo a falar a sério.
Esta inútil EU, que não foi, nos últimos 20 anos, capaz de resolver um único problema politico, financeiro, militar etc. é a mesma que cada vez gasta mais dinheiro para se sustentar e cujo comportamento cada vez mais se distancia das necessidades dos europeus, esses que vivem e sobrevivem nalguns países aos quais saiu a fava de serem governados por cérebros como Sócrates, Merkel, Zapatero, Berlusconi, Rajoy, Sarkozy, Passos Coelho, etc., os nomes poderiam ser muitos porque a tralha é imensa. Agora até querem acabar com o programa Erasmus. Eu sei que o programa Erasmus poderá ser caro, mas não tenham dúvidas que é uma forma muito eficaz de muita gente abrir a pestana, sobretudo percebendo que na Europa os países (e os traseiros das gajas) são muito diferentes e é dessa diferença, que os burocratas bruxelenses odeiam, que a Europa se faz.
É preciso ter um cérebro preenchido com caca de galinha e uma visão que não alcance mais do que 15 cm à frente do nariz, para se lembrar que a porra dos livros para crianças deverá, por obrigação, incluir o ultimo grito da moda em matéria de experimentalismo social, só porque é politicamente correcto dar vazão a todo o tipo de ideias, venham elas de onde vieram, tenham elas a utilidade que tiverem. O ideal de história infantil para esses luminosos pensadores será qualquer coisa deste tipo:
Os Cinco Resgatam a Criança
João, Adérito e Bruninho são três homens que têm uma relação poliamorista homossexual. Vivem também com o Cláudio – filho biológico do João e de uma prostituta de quem ele em tempos foi chulo. Essa prostituta esconde Cláudio para fugir com ele para Bali, local para onde quer ir viver com um ex-cliente agarrado à coca, depois de ter decidido deixar a prostituição. Os cinco descobrem onde está a criança e informam a polícia que retira a criança à ex-porstituta e a entrega a uma família de acolhimento constituída por um alcoólico que vive do RSI e uma empregada de limpeza, cuja actividade principal é apanhar porrada do marido depois de ter andado o dia inteiro a trabalhar para o ajudar no pagamento da conta da taberna onde ele passa o dia inteiro a consumir uma bebida alcoólica feita a partir de uvas. Por fim, a mãe da Zé aceita acolher o Cláudio e os cinco ficam todos muito contentes porque o Cláudio adora brincar com o Tim.
Digam lá que não era uma grande malha. Se eu escrevesse este livro, tornar-me-ia o sucesso da pequenada. Mas eu não quero. O meu sonho agora é ser uma escritora suburbana, que escreva livros para sopeiras sobre taradices sexuais e vender muitos livros, fazer tournées, receber jornalistas nas suites de hotéis caros e dar peidos baixinho só para os chatear com o cheiro, e poder mandar pó caralho quem me apetece apenas por ser um escritor que vende muito.
Vou preparar as minhas calças de chuva; tenho um torneio amanhã.
por falar em pessoas que parece que escrevem e que diz que vendem
ResponderEliminarmuito:
http://www.ionline.pt/boa-vida/margarida-rebelo-pinto-tive-fazer-downsizing-meu-lifestyle
Ainda escreve?
EliminarNão sabia que o interrail era subsidiado pela UE. Não dormi na rua, mas em Florença dormimos num sítio muito movimentado, com uma cadeira a ajudar a trancar a porta.Quer dizer, eu dormi, mas a minha amiga ficou sentada na cama a noite toda, sem pregar olho.
ResponderEliminarDo Erasmus fui bolseira, acho que no 3º ano do programa, quando a bolsa era em ecus.
Não tendo no entanto trocados fluidos tão profundos, como o Capitão,mas apenas uns snogs, com gajos bonitos, mas sem grandes lembranças.
Já pensei em concorrer a um lugar para uma dessas agências da UE,e deixar de pagar impostos.
O Interrail, se não é, já foi subsidiado. Mas referi-o por ser fruto de uma iniciativa europeia, mesmo que não tenha nada que ver com a UE.
ResponderEliminarSer funcionário da UE já foi mais fácil. Parece - mas não está confirmado - que à UE já chegaram as notícias das várias crises e que também vão ter que cortar nos orçamentos. Ainda assim, uma instituição burocrática não o deixa de ser de um momento para o outro: ainda haverá muito tacho inútil em comissão estúpida para entretar uns tantos.
Não concorras: há formas mais bonitas de ganhar dinheiro.
Claro que há formas mais bonitas de ganhar dinheiro. Eu nem me costumo queixar da forma que ganho o meu, sobretudo porque o ganho a fazer o que gosto.
EliminarMas às vezes...